Saúde mental: quais os riscos de se tornar viciado em redes sociais?
Por Rosangela Sampaio
“Conectando-se às redes sociais sempre que possível”; “Fique on-line o mais rápido possível”; “Faça assim que se levantar e seja a última coisa a fazer antes de dormir”; “Reduza o tempo gasto em tarefas habituais, como comer, dormir, cumprir obrigações”. Todas essas afirmações são sinais claros de um “Viciado em Redes Sociais”!
Não saber como gerenciar o uso das redes sociais pode levar a inúmeras consequências negativas, como prejudicar nossos relacionamentos, nossa concentração ou causar estresse e ansiedade.
É óbvio que as redes sociais mudaram nossas vidas. Raramente, hoje as pessoas não têm um perfil no Twitter ou uma conta no Facebook, principalmente entre os jovens. Não apenas usamos as redes para nos comunicarmos de forma rápida e eficaz, mas agora desejamos ser fisgados pela necessidade de viver continuamente nos conectando digitalmente.
Muitas pessoas não concebem mais sua vida sem compartilhar absolutamente tudo o que fazem ou sem exibir suas fotos no Instagram, WhatsApp e Facebook, que são as três redes mais utilizadas no mundo. No longo prazo, esses tipos de atitudes podem acabar sendo prejudiciais.
Abusar dessas ferramentas ou fazer uso excessivo delas pode gerar inúmeros problemas. Por exemplo: elas podem fazer com que percamos nosso spam de atenção e negligenciemos tarefas importantes.
Se algo for além e desenvolvermos dependência da internet, especificamente das redes sociais, podemos encontrar muitos mais problemas. São coisas muito sérias como ansiedade ou tristeza extrema e descontrolada.
As redes sociais e o distanciamento da saúde mental
Redes sociais e sistemas de mensagens são atraentes para os jovens porque seus sistemas operacionais envolvem resposta rápida, recompensas imediatas e interatividade.
A princípio, o uso é positivo, desde que não descuidem das demais atividades de uma vida normal para estudar, trabalhar, praticar esportes, praticar hobbies, sair com amigos ou interagir com a família.
Outra questão é quando o abuso das redes sociais causa distanciamento da vida real, induzindo ansiedade, baixa autoestima e perda da capacidade de autocontrole.
As motivações das pessoas para terem contas em redes sociais são múltiplas, sendo visíveis para os outros, reafirmando a identidade entre o grupo, estarem ligados a amigos ou trocando fotos, vídeos ou música.
Mas uma coisa é o mau uso das redes sociais e outra é um vício. O termo “dependência de redes sociais” é duvidoso porque não aparece como tal na atualidade nas classificações psiquiátricas.
Porém, para além do uso indevido, podemos falar de dependência quando o seu uso implica uma perda de controle, uma absorção do nível mental e uma alteração grave no funcionamento diário da pessoa afetada.
Há mal das pessoas se viciarem em story, feed e afins?
O viciado desfruta dos benefícios da gratificação imediata, mas não percebe as possíveis consequências negativas a longo prazo.
Portanto, o abuso das redes sociais pode facilitar o isolamento, o mau desempenho social, o desinteresse por outras questões e até mesmo alterações de comportamento como irritabilidade, bem como estilo de vida sedentário ou distúrbios do sono.
As principais causas do vício em redes sociais são as seguintes:
- Estandardização: experiência positiva e criativa que deixa de existir no momento em que a pessoa já não a desfruta, mas sente que a sua vontade está sujeita à necessidade constante de interação;
- Solidão: a internet é uma janela de relacionamento social para todos. Porém, quem vive um período de solidão fica mais vulnerável ao risco de dependência, pois observa neste elo de comunicação um substituto para aqueles vazios e deficiências emocionais;
- Alimentação do ego: projetar um universo em que a vaidade parece uma constante a partir de imagens protagonizadas por aquele que mostra sorrisos infinitos e um estilo de vida de sonho;
- Falta de inteligência emocional: diferentes fatores, por exemplo, barreiras no campo das habilidades sociais, podem fazer com que a pessoa se sinta mais confortável ao interagir pela internet e não no “mundo real”.
As novas tecnologias podem nos ajudar em muitos aspectos, mas também nos causar problemas.
Se prestarmos mais atenção ao que acontece na tela do que ao que acontece na realidade, as consequências podem ser desastrosas. Interagir com outras pessoas e pensar sobre nossa saúde são prioridades muito mais importantes do que a internet, e isso é algo que devemos ter em mente.
Rosangela Sampaio é psicóloga e apresentadora do programa Mulheres Em Flow. Saiba mais em @rosangelasampaiooficial e @mulheresemflowoficial.