Destino: o lado oculto da vida

          Por Gustavo Andrade

Você acredita em destino? O que é destino? Será que ao nascermos já temos um mapa pré-definido, como o roteiro de um filme ou de um livro? Seria o destino algo imutável ou será que podemos mudá-lo de alguma maneira? O destino pode ser castigo ou benção? Para chegar a um consenso sobre o tema, o Astral News foi em busca de diversos oraculistas como astrólogos, tarólogos, numerólogos e babalorixás. Confira a série de reportagens que preparamos!

Ao consultar dicionários, podemos encontrar vários significados para a palavra “destino”: acontecimentos que não conseguimos evitar, fatalidade, local onde se deseja chegar, o que está por vir.

A palavra é formada a partir do grego “destanare”, que quer dizer “fixar, estabelecer”, passando a ideia de algo pelo qual nem sempre somos responsáveis e que não podemos evitar.

Para Victor Augusto de Souza (@victoraugustonk), 27, astrólogo, tarólogo e numerólogo, falar em destino é falar sobre autoconhecimento. Segundo ele, que é tarólogo há 15 anos, a principal função dos oráculos é permitir que o consulente se conheça em profundidade e possa encontrar em si mesmo as respostas para os seus dilemas cotidianos. “A partir do momento em que compreendo quem eu sou, entendo que tenho algo a fazer. Entendo que o destino não é necessariamente uma prisão e sim parte da função e do propósito de vida que você descobre em sua própria essência”, explica.

Victor também afirma que os oráculos e as ciências ocultas nos permitem vivenciar melhor e de forma mais leve e positiva o nosso destino, que segundo ele é imutável. “As artes ocultas nos ajudam a compreender esse destino e, para mim, o destino não é alterável, mas a forma como vivenciamos isso pode sim ser alterada. Acredito que você consegue mudar as rotas do seu destino, mas não o ponto final”, comenta.

A respeito da astrologia, uma das técnicas de adivinhação mais antigas e conhecidas no mundo, que estuda as influências dos astros e dos signos na vida humana, Victor diz que essa ciência oculta possui uma delicadeza muito forte no que se refere a traçar a nossa percepção de destino a partir do autoconhecimento. “Quando falamos que a astrologia é certeira para desvendar o destino, concordo. Mas isso não significa que na astrologia estará escrito que você irá executar, necessariamente, todas as ações desse destino. Mas os astros podem apontar os caminhos que o seu momento presente irá te levar até que você encontre e desenvolva o seu destino”, pontua.

Já sobre a numerologia, Victor fala que os números, por serem símbolos universais, nos ajudam a compreender padrões e acontecimentos. “Da mesma forma que você tem a sincronia na astrologia, podemos falar que os números são mais concisos. Eles oferecem direcionamentos quanto aos melhores momentos para determinada ação em sua vida. Por exemplo: você está num momento de colheita, de tirar pessoas da sua vida, de se isolar? A numerologia pode te ajudar a entender esses momentos que você está passando e, compreendendo isso, você pode tirar melhor proveito”, conclui.

Odus: caminhos apontados por Orunmilá

Para a cultura yorubá, que influenciou o candomblé Ketu, um dos mais conhecidos aqui no Brasil, odus são os chamados signos de Orunmilá, que apontam o destino de cada ser humano. O jogo de búzios, também conhecido como meridilogun é um oráculo composto por 16 conchas pequenas que somente babalorixás e ialorixás são autorizados a utilizá-lo. Sobre uma mesa, os pais e mães de santo fazem suas orações e lançam os búzios para descobrir qual odu, ou caminho, o consulente está vivenciando. Para cada caída de búzios há um odu específico, que conta a história da formação do Ayê, isto é, do mundo em que vivemos. Os 16 babá odus, como são chamados, vão do Okaran, regido por Esú, a Aláfia, quando caem 16 búzios abertos e todos os orixás respondem. 

Conta o mito da criação yorubá que Olodumare, o Deus Supremo, ao criar o universo e o ser humano, teve como testemunha o velho sábio e adivinho Orunmilá, que presenciou tudo sendo criado e conhece todo o destino da humanidade.

É a Orunmilá que recorremos ao irmos à presença de um babalorixá, iyalorixá ou babalawô para consultar Ifá, o oráculo criado por Orunmilá, e saber sobre o nosso destino. As respostas dos deuses são ditas por meio do mensageiro Esú, que é o orixá da comunicação e quem leva os pedidos e oferendas aos orixás. Esú é a ponte entre os homens e os deuses. 

“O nosso destino é mutável, com exceção do que se deve cumprir e da nossa predestinação, isto é, daquilo que escolhemos passar nesta existência antes de encarnarmos. Mas, para quase tudo existe ebó. Ebó é uma palavra muito deturpada hoje em dia, reduzida a uma limpeza espiritual ou a algo ruim, apenas. Mas ebó tem a função de tirar o que não deve estar, de colocar o que está faltando, de encaminhar o que não anda e equilibrar alguma desordem energética”, explica o babalorixá Danilo de Ógiyán (@baba_danilo), sacerdote de candomblé da tradição Ketu.

Segundo Danilo, de acordo com nossas escolhas e atitudes, podemos nos deparar com odus desafiadores pelo caminho. O sacerdote afirma que diferentemente da visão de bem e mal que existe aqui no ocidente, os yorubás entendem que há odus desafiadores, que apresentam polaridades e essas polaridades em desequilíbrio seriam a causa de sofrimentos, doenças e alguns infortúnios pelos quais passamos. “Via de regra, se Ori, divindade que representa a sua cabeça, sua consciência e caráter, além do mensageiro Esú e seu próprio orixá permitirem, o ebó tem o poder de mudar o curso do seu destino. Não necessariamente há nos ebós a necessidade de sacrifício animal. Quase nunca isso acontece, muito embora existam casos complexos em que haja essa necessidade. O ebó tem um fim espiritual, energético e comportamental. Utilizamos elementos físicos como sementes, ovos e grãos para tirar ou colocar uma energia que trará boa sorte e axé ao consulente, mas ele precisa fazer a sua parte, desenvolvendo bom caráter, paciência, equilíbrio, organização e uma série de outras virtudes, para que tenha um destino feliz e próspero”, conta.

Na segunda parte da nossa série, falaremos sobre um tema que intriga uma série de pessoas. Seria possível desvendar o destino pelas linhas da mão? Vamos falar sobre quirologia, tarô, bola de cristal e outros oráculos. Encontro você! Até a próxima!